sábado, 30 de agosto de 2008

CYRTOPODIUM

Cyrtopodium santligeriano Foto e cultivo: Gladis Rosa

Do grego kyrtós, curvado + pódion, dimin. De pús, podós, pé, pezinho curvado. Alusão à base da coluna, curvada para cima. Numa alusão ao prolongamento basal da coluna, formando um pequeno arco que se estende ao longo dela.
Varia em relação ao tamanho de seus pseudobulbos, apresentando-se: fusiformes, cilindrico-fusiformes, cônico-fusiformes, cônico-oblongos, cônico-ovóides, ovóides ou arredondados.

São elas: aliciae, andersonii, aureum, blanchetii, bradei, braemii, brandonianum, cachimboense, cardiochilum, cipoense, cristatum, dusenii, edmundoi, eugenii, falcilobum, fowliei, gigas, glutinifereum, gonzalezii, hatschbachii, holstii, inaldianum, intermedium, lissochiloides, pallidum, palmifrons, paludicolum, polyphyllum, parviflorum, poecilum, punctatum, saint-legerianum, triste, vernuum, virescens e withnerii.

A maioria das espécies do gênero Cyrtopodium foi atribuído a um nome de família para homenageá-la, ao lugar onde o mesmo foi encontrado ou ao aspecto da planta. São exemplos: C. andersonii (Anderson), bradei (Brade), Sarneyanum (Sarney), cipoense (Serra do Cipó-MF), cachimboense (Serra do Cachimbo-Pa.), roraimense (Roraima) ou triste (flores voltadas para baixo em dias ensolarados), pallidum (pelo labelo róseo pálido), gigas (pelo porte gigantesco da planta).

Este gênero tem grandes pseudobulbos claviformes, medindo alguns centímetros a mais de um metro, com numerosas folhas pregueadas e brácteas coloridas.
As folhas são herbáceas, bilateralmente alternadas com nervuras longitudinais prominentes, plicadas, com pseudopecíolo conectado na base da bainha que envolve o pseudobulbo.
A inflorescência é basal, ereta, rígida, simples ou ramificada, normalmente mais alta que as folhas.
As flores podem ser vistosas ou pouco ornamentais, pediceladas e de textura relativamente carnosa, com brácteas lineares ou lanceoladas, muitas vezes de colorido vistoso ou pintalgadas.
Em relação à flor, possui labelo trilobado com lobos laterais voltados para cima e algumas vezes encobrindo parte da coluna; o lobo mediano quase sempre apresenta um disco caloso. As políneas são em número de duas, globosas e ceróides.

Cyrtopodium cardiochilum Foto e cultivo: MRita Cabral

Delfina de Araújo (www.delfinadearaujo.com) relaciona as espécies de Cyrtopodium por estado.

ACRE : eugenii
RONDÔNIA: andersonii, gigas, sarneyanum
AMAZÔNAS: andersonii, parviflorum, poecilum
RORAIMA: andersonii
AMAPÁ: andersonii, saint-legerianum.
PARÁ: cachimboense, cristatum, glutiniferum, parviflorum, poecilum, polyphylum, saint-legerianum, triste, virescens.
MATO GROSSO: blanchetii, brandonianum, eugenii, paludicolum, parviflorum, poecilum, saint-legerianum, triste, vernuum.
MARANHÃO: cristatum, poecilum, virescens.
CEARÁ: cristatum, eugenii.
MATO GROSSO DO SUL: blanchetii, brandonianum, eugenii, paludicolum, parviflorum, poecilum, saint-legerianum, triste, vernuum.
BAHIA: aliciae, blanchetii, cristatum, eugenii, gigas, holstii, parviflrum, poecilum, polyphyllum, saint-legerianum.
TOCANTINS: brandonianum, paludicolum, parviflorum, poecilum, saint-legerianum, vernuum, virescens.
RIO GRANDE DO NORTE: polyphyllum.
PARAÍBA: aliciae, blanchetti, cristatum, eugenii, gigas, holstii, polyphyllum.
PERNAMBUCO: aliciae, cristatum, eugenii, gigas, holstii, polyphyllum.
ALAGOAS: cristatum, gigas, holstii, polyphyllum.
SERGIPE: gigas, polyphyllum.
MINAS GERAIS: blanchetii, brandonianum, cardiochilum, cipoense, cristatum, dusenii, eugenii, glutiniferum, hatschbachii, intermedium, lissochiloides, pallidum, palmifrons, paludicolum, parviflorum, poecillum, saint-legreianum, triste, vernuum, virescens, whitnerii.
ESPÍRITO SANTO: cardiochilum, gigas, holstii, paludicolum, polyphyllum.
RIO DE JANEIRO: cardiochilum, gigas, glutiniferum, paludicolum, polyphyllum.
SÃO PAULO: blanchetii, brandonianum, cristatum, eugenii, gigas, hatschbachii, lissochiloides, apllidum, palmifrons, paludicolum, parviflorum, polyphyllum, poecilum, saint-legerianum, triste.
PARANÁ: blanchetii, brandonianum, dusenii, eugenii, gigas, hatschbachii, pallidum, palmifrons, paludicolum, parviflorum, polyphyllum
GOIÁS: brandonianum, paludicolum, parviflorum, poecilum, saint-legerianum, ernuum, virescens.
SANTA CATARINA: gigas, palmifrons, parviflorum, polyphyllum.
RIO GRANDE DO SUL: gigas, palmifrons, polyphyllum

Novas Espécies:
Lou C. Menezes, ecóloga e engenheira florestal do IBAMA, em sua importante obra Genus Cyrtopodium – espécies brasileiras, enumera e mostra através de fotos belíssimas novas espécies encontradas.
Cyrtopodium caiapoense L.C. Menezes encontrado na Serra do Caiapó, município de Caiapônia, Goiás.
Cyrtopodium minutum L. C. Menezes habita as áreas campestres do Planalto Central brasileiro.
Cyrtopodium gonzalezii é típico de área campestres secas do planalto central brasileiro.

Cyrtopodium andersonii
Espécie rupícola ou terrestre que vegeta em quase todo o Brasil, em regiões montanhosas. Planta com pseudobulbos grandes, de 40 cm de altura, fusiformes, com parte inferior mais estreita, sustentando folhas alternadas, lanceoladas, de cor verde claro e de até 50 cm de comprimento. Inflorescência de até 1 m de altura, ramificadas e portando até 50 flores. Flor de 3 cm de diâmetro, com pétalas e sépalas amarelo-esverdeadas. Labelo mais amarelo. Floresce na primavera.



Cyrtopodium eugenii
Espécie rupícola do Brasil Central, com pseudobulbos de até 30 cm de altura, fusiformes e robustas, com as partes supeior e inferior afuniladas e sustentando estreitas folhas lanceoladas de até 40 cm de comprimento, de cor verde-acinzentado. Flor de 4 cm de diâmetro, com pétalas e sépalas esverdeadas e densamente pintalgadas de marrom claro.Labelo plano e robudo, de cor amarelo-intenso. Floresce no outono.

Cyrtoposium holstii Foto e cultivo: Wilma Wanda

Cyrtopodium holstii
Espécie terrestre de solo arenoso, raramente rupícola, encontrada em áreas litorâneas do Espírito Santo, Bahia, Alagoas, Paraíba e Pernambuco. Planta com pseudobulbos fusiformes e longos de até 80 cm de altura. Inflorescência paniculada de 1 m de altura, portando de 50 a 80 flores, que medem 4 cm de diâmetro, variando a cor de amarelo esverdeado a amarelo vivo com mácula marrom avermelhado. Floresce no verão.

Cyrtopodium polyphyllum
Ex-C. paranaense. Espécie terrestre ou rupícula encontrada em quase todo litoral brasileiro. Quando rupícola aparece em encostas de baixa altitude. Planta com pseudobulbos fusiformes de 20 cm a 1 m de altura. Inflorescências paniculadas de 1 m de altura, portando de 20 a 40 flores de 3 cm de diâmetro com pétalas e sépalas verde amarelado, labelo amarelo vivo. Primavera.

Cyrtopodim palmifrons
Espécie epífita que vegeta sobre árvores velhas ou palmeiras. Pseudobulbos de até oitenta cm de altura, fusiformes, com sua parte superior coberta por folhas alternadas, lanceoladas, de 50 cm de comprimento por 3 cm de largura. Inflorescência de 50 cm de comprimento, bastante ramificadas e divergentes, portando muitas flores. Flor de 2 cm de diâmetro com pétalas e sépalas levemente onduladas, acuminadas de cor amarela e dotadas de máculas vermelhas. Primavera

Cyrtopodium Saint-legerianum
Espécie epífita da região Centro-Oeste, pseudobulbos fusiformes atingindo a altura de 70 cm, com um inflorescência paniculada com flores de 2,8 cm de diâmetro. Sépalas são amarelo esverdeadas marcadas por manchas marrom- avermelhadas e as pétalas amarelas mostram pequeno número de pontos escuros. Floresce em julho e agosto.

Cyrtopodium cachimboense
Espécie rupestre encontrada na Serra do Cachimbo, no Estado do Pará, possui pseudobulbos fusiformes, robustos, com 50-60 cm de altura e folhas coriáceas lanceoladas.
Inflorescência medindo 1,30 cm de altura, flores amarelas de 3,3 cm de diâmetro. Flores em junho e julho.

Cyrtopodium triste
Vegeta na região Centro-Oeste. Possui pequenos pseudobulbos ovóide-alongados com 3 a 7 cm de altura, completamente enterrados no solo.Inflorescência com 40-60 cm de altura exibindo de 9 a 13 flores de amarelo vivo e marrom avermelhado. Floresce em novembro, após a ocorrência dos incêndios e início de chuvas esparsas.

Algumas curiosidades:
No Brasil, as plantas do gênero Cyrtopodium, recebem diferentes nomes como “sumaré” (Rio de Janeiro e São Paulo). No Nordeste é conhecido por “rabo-de-tatu” pela semelhança do pseudobulbo com o rabo desse animal. Em Goiás é popularmente conhecido por “cola-de-sapateiro” pela utilização do sumo extraído dos pseudobulbos na colagem do couro, papel e madeira.

É bastante usado com fins medicinais, servindo para cicatrização de lesões, estancamento de sangue, cortes e feridas. Do sumo se faz uma pomada que é usada no tratamento do terçol. Alfons Balbach cita em seu livro A Flora na Medicina Doméstica o uso do suco do Cyrtopodium no tratamento de abcesso, a fabricação de xarope para tosse e coqueluche.

O gênero Cyrtopodium resiste bravamente às queimadas. O solo ao absorver nutrientes e elementos químicos das gramíneas, necessários às plantas transportam para a mesma, retribuindo com uma bela floração. No cerrado brasileiro, quando se pensa que os Cyrtopodiuns foram consumidos totalmente pelo fogo durante o período seco, eles surgem com novos brotos tão logo cheguem as primeiras chuvas.

O gênero Cyrtopodium é bastante esquecido pelos orquidófilos, se falando muito pouco, não constando de suas coleções e nunca visto nas exposições.
É uma planta belíssima, se cultivada adequadamente.

FAMÍLIA: Orchidaceae
SUBFAMÍLIA: Epidendroideae
TRIBO: Cymbidieae
SUBTRIBO: Cyrtopodiinae
GÊNERO: Cyrtopodium

Bibliografia:
Pe. José Gonzáles Raposo – Dicionário etimológico das orquídeas do Brasil – Ed. 2001
Delfina de Araújo – www.delfinadearaujo.com
L. C. Menezes - Genus Cyrtopodium – Espécies Brasileiras – Ed. 2000
Trabalho de pesquisa: Vera Coelho

3 comentários:

Paulo Afonso disse...

Parabéns pela iniciativa do blog. Tudo o que contribua para divulgar orquídeas deve ser saudado com entusiasmo.
Estou começando a me interessar por elas, desde que ganhei duas de presente. Uma delas plenamente identificada, outra ainda com muitas controvérsias.
Esta que me gera dúvidas é uma CYRTOPODIUM. Pessoas que entendem me dizem que só podem dizer isto até o momento, mas quando houver a floração dirão que cyrtopodium é este.
Outros no entanto já definiram como Cyrtopodium holstii. Consultando este blog vi que o C. holstii não é endemico do Ceará. Pena que não posso postar uma foto aqui. Teria como me ajudar a identificar?

Adenium - Rosa do Deserto disse...

Paulo Afonso, envie a foto para meu e-mail, tentarei identificá-lo: veracoelhov@gmail.com
Abs,
Vera

Unknown disse...

Oi bom dia eu ganhei 6mudas sendo que bem grande e 3sem raízes
Um amigo do meu marido que trouxe p mim ele achou numa casa onde ele foi colocar uma cobertura e estava plantada num lodo sem terra
Ele leva muito tempo p florir
Obrigado Regina dalva Domingues