sábado, 18 de outubro de 2008

Adubação, segundo o Prof. René Rocha



Para um programa básico e eficaz, no começo, é bom não inventar muito. É da maior importância escolher uma formulação balanceada completa de um adubo químico de marca confiável e o estabelecimento de um dia certo para a adubação com regularidade.
1 - Formulação balanceada e completa - 20-20-20 de NPK: Nitrogênio (N), Fósforo (P), Potássio (K) + micronutrientes, é a formulação campeã de uso para orquídeas, principalmente no início, para o orquidófilo iniciante. São necessárias grandes quantidades de: Nitrogênio (N), Fósforo (P)e Potássio (K), conhecidos como macronutrientes essencias primários. E quantidades um pouco menores dos macronutrientes essenciais secundários:Cálcio (Ca), Magnésio (Mg) e Enxofre (S).Esses seis elementos químicos acima mencionados, são assim chamados,pois as plantas necessitam deles em grande quantidade (macro), ao lado, ainda, do Carbono em forma de gás carbônico (CO2) e do Oxigênio e do Hidrogênio, que a planta retira normalmente do ar, os macronutrientes essenciais gasosos. Outros nove também são necessários, porém em quantidades extremamente pequenas (micro), daí seu nome: micronutrientes essenciais: Zinco(Z), Ferro (F), Boro (B), Manganês (Mn), Cloro (Cl), Cobre (Cu), Sódio (Na),Molibdênio (Mb) e Níquel (Ni). O cobalto ainda não teve sua essencialidade comprovada e é citado na literatura como importante nas soluções nutritivas de meio de cultura. Outros elementos são requeridos apenas por um grupo de plantas: O silício para o arroz e o sódio para o coco-da-baía. (Já existem estudo de experimentos sobre a utilidade do silício para orquídeas, como auxiliar na resistência às doenças). Um fertilizante é dito essencial quando contém N, P e K. É dito balanceado quando tem a mesma proporção de N, P e K. É completo quando também contém os micronutrientes. São exemplos de fertilizantes mais utilizados para orquídeas os de proporções 20-20-20,15-15-15 e 10-10-10, para crescimento ou manutenção. Note que, por terem a mesma proporção, esses elementos são balanceados. Mas o que significam, afinal, estes números nos rótulos? Significam a porcentagem com que cada macronutriente participa no peso total do adubo. O primeiro número é para o Nitrogênio, o segundo, para o Fósforo e o terceiro, para o Potássio, de funções específicas e não balanceados. Também existem aqueles como 30-10-10, para acelerar o crescimento de seedlings; 15-30-15 e 10-30-15, para favorecer a floração, além de outras formulações de que falaremos mais adiante. Mesmo entre os produtos idôneos e disponíveis em nosso país (tanto os nacionais quanto os estrangeiros aqui distribuídos) poucos têm registro para uso específico em orquídeas e indicam a dosagem, vagamente, “para plantas floríferas”. Por esta razão é que se disseminou no meio orquidófilo a recomendação de que se use, nas orquídeas, apenas a metade da dosagem recomendada pelo fabricante daquele adubo. Também assim o recomendamos, pois são conclusões tiradas da prática orquidófila, baseadas em experimentações. Para orquídeas melhor seguir a máxima: A diferença entre o remédio e o veneno muitas vezes está na dosagem. Alé disso, não se aponta nas embalagens a falta do macroelemento essencial Ca (Cálcio). Existe incompatibilidade desse elemento químico, que reage com outros da formulação do adubo, formando compostos não desejáveis, em especial com o Fósforo (presente no adubo como P2O5) formando Fosfato de Cálcio. Deste modo, o Cálcio sempre é aplicado em separado, como veremos em capítulo pertinente. Existe adubo formulado com Cálcio e Magnésio juntos, NPK com porcentagem de P (15-05-15 ) bem mais baixa, o que possibilita que, mesmo havendo precipitação de Fosfato de Cálcio a planta absorva Ca e Mg. O incoviniente desse adubo é que mela muito e costuma entupir o bico do pulverizador. Para isso, abra o leque do bico para jato mais grosso e pulverize as raízes, pois é por aí o caminho da absorção de Ca e Mg, pois são, em especial o cálcio, elementos pouco translocáveis e absorvidos pelas raízes. Eles são conduzidos por pressão de baixo para cima. O termo técnico desse fenômeno chama-se transporte ativo e se dá por diferença de potencial entre raízes e folhas, "sugando" de baixo para cima água e soluções que as raízes absorveram. Procurei dizer em linguagem simples, evitando termos técnicos e usando de palavras e sentidos figurados para facilitar o entendimento desse vasto assunto que é adubação, nessa nossa explanação inicial. 2 - Regularidade nas aplicações. Decida se tem tempo para adubar semanalmente, com a metade da dosagem indicada pelo fabricante ou se é melhor e mais prático adubar quinzenalmente, na dosagem recomendada pelo fabricante, que é geralmente 1 grama do adubo solúvel por litro de água. O que não pode é ficar adubando no dia que dá, adubando quando dá vontade ou ficar pulando as datas da adubação feito tico-tico. Pensa-se erradamente: "Como não deu tempo nessa semana ou quinzena aduba-se em dias seguidos ou com dosagem maior para compensar". Não faça isso pois estará PASSANDO MENSAGENS QUÍMICAS DESCONTROLADAS às suas plantas. 3 - No começo, não complique. Use apenas uma formulação balanceada como por exemplo 20-20-20 aplicando nas parte de baixo nas folhas com bastante escorrimento para as raízes, pois é onde se dará a maior absorção (NAS RAÍZES). Depois, com a prática e conhecimentos adquiridos,como por exemplo sobre pH e condutividade das soluções, vá sofisticando para aplicações de fórmulas diversificadas e específicas para crescimento, para floração, ou adubações mistas (química+orgânica). Ao aplicar elementos químicos, lembre-se de que a diferença entre o remédio e o veneno pode estar apenas na dosageme nas misturas desses elementos. E lembre-se de que adubo DE FONTE ORGÂNICA não passará, no final, dos mesmos elementos químicos, após ficarem disponíveis à absorção pela planta. E cuidado com essa de que tudo que é orgâncio é natural e que é saudável. Muitos produtos orgânicos podem trazer consigo contaminantes maléficos para o aplicador e para a planta, em especial para suas orquídeas. Difícil tentar resumir assunto assim tão vasto e polêmico. Porém, o faço no sentido apenas de alerta aos orquidófilos iniciantes, para despertar para que estudem bastante o assunto, a partir dessas minhas pobres noções iniciais. Termino como comecei: Para um programa básico e eficaz, no começo, é bom não inventar muito. Espero ter ajudado sem ter complicado, Prof. René Rocha -Areado - MG - autor do livro ABC do Orquidófilo para uma, várias e muitas orquídeas.
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2 comentários:

Anônimo disse...

oi, Vera, gostei muito do artigo. Vi que não sigo a recomendação da regularidade nas aplicações. Em regra, aplico o adubo mensalmente.
Estou fazendo uso daquele recomendado pelo José Luiz e observei que aquelas plantas que antes ficavam "empacadas" estão "soltando" raízes, inclusive um Catasetum cernum que implicava e nunca floresceu, nesta primavera deu um belo cacho de flores! Abraços!

Adenium - Rosa do Deserto disse...

Kátia, procuro adubar semanalmente. Confesso que peco no 20-20-20, ou seja, deixo de aplicar. O ideal é aplicá-lo sempre para que as orquídeas cresçam fortes e saudáveis. Parabéns pelo seu cultivo. Abraços,