1. INTRODUÇÃO
As orquídeas epífitas são, por sua natureza, tão pouco exigentes que sobrevivem com o mínimo de elementos nutritivos que o seu 'habitat" aéreo lhe oferece, entretanto, abundantemente sob a forma de minúsculas partículas de poeiras e detritos vegetais oriundos dos raminhos e folhas em vias de decomposição, bem como de inúmeros microseres mortos e dejeções das aves que pousam entre as touceiras das orquídeas.
Se é verdade que nas árvores do seu habitat, as orquídeas se acham expostas a todas as intempéries, não é menos verdade que se encontram bem protegidas contra os raios
escaldantes do sol do meio-dia, pelos ininterruptos movimentos das folhagens da árvore que lhe serve apenas como suporte (hospedeira).
Os sulcos profundos que percorrem a casca rugosa em todas as direções oferecem às raízes, a necessária sombra e frescor. As águas da chuva, descendo ao longo das hastes e troncos, desprendem e arrastam minúsculas frações de casca de árvore, poeiras, excrementos de aves, insetos mortos, folhagem secas, que se alojam nas rugas e fendas da casca, onde se constituirão em uma verdadeira fonte de material orgânico, os quais irão liberar os nutrientes e compostos orgânicos durante a fase final de sua decomposição, através das chuvas e do orvalho noturno. Devemos salientar que este material orgânico é renovado continuamente e que sempre estará a disposição das plantas quando estes estiverem solubilizados.
Nas matas, períodos de neblinas densas envolvem a planta toda num véu refrescante, cuja umidade se infiltra entre os pequenos ramos de musgos, líquens e himenofiláceas que formam um tapete refrescante ao redor do pé da orquídea, onde se condensam e se transformam num reservatório de água, de onde a planta a retira em caso de necessidade. Porém, as neblinas passam tão depressa como vêm, ficando desta maneira afastado o perigo que a planta sofra de umidade excessiva. Além da abundância de luz, há a abundância de ar, porém, os ramos e as folhagens das árvores protegem as orquídeas contra as grandes ventanias e correntes frias de ar, que são por elas desviadas ou enfraquecidas. Entre os pseudobulbos, depositam-se poeiras de origem bem diversa, tais como folhas secas, galhos mortos, excrementos de aves que visitam as touceiras das orquídeas , bem como os cadáveres de inúmeros micro e macroseres, cujo conjunto constitui numa inesgotável fonte de material orgânico, que se renova sem a mínima interrupção. Assim, explica-se como as orquídeas, no seu habitat natural, prosperam admiravelmente. Porém, quando cultivamos essas maravilhosas plantas longe de seu habitat natural (onde a mãe natureza lhe fornece a proteção e a sua alimentação de modo equilibrado e balanceado), procuramos imitar ao máximo o ambiente em que vivem, bem como, adotar uma adubação química/orgânica que reflita ao máximo o sistema de nutrição que ocorre na natureza e assim cresçam vigorosas e saudáveis.
2. FALANDO SOBRE O HABITAT DAS ORQUÍDEAS
Para falarmos sobre a adubação de orquídeas, devemos compreender o ambiente em que
elas vivem, pois, através da observação do seu habitat (quando possível) é que são adotados os seus tratos culturais, tais como: as regas (freqüência e quantidade), a escolha do substrato, o local ideal para cultivá-la, a luminosidade mais adequada, a umidade atmosférica mais adequada, a correta adubação através de adubos químicos (pó granulado ou líquido) e orgânicos em termos de dosagem (quantidade) e freqüência (intervalo em que se deve fornecer os nutrientes. As orquídeas são as que possuem como habitat as árvores e como tais são chamadas de epífitas (orquídeas, bromélias, cactos tropicais), um termo designado a todas as plantas que se desenvolvem nos troncos das árvores, em busca do sol para realizar a fotossíntese e sintetizar o seu próprio alimento. Por serem autosuf'icientes quanto à síntese do alimento, elas não podem ser chamadas de plantas parasitas (definição para seres vivos que utilizam um hospedeiro de onde retiram o alimento que ele sintetiza). As orquídeas epífitas atuais, para sobreviverem nas árvores, onde há escassez de água e nutrientes (ambiente equivalente a um deserto) desenvolveram mecanismos físicos e fisiológicos para se adaptarem a essas condições adversas ao longo do processo evolutivo de milhões de anos. A falta de água por períodos longos, selecionou plantas com a capacidade de absorver água em grande quantidade e em pouco tempo. Houve uma seleção de plantas que mantinham os estômatos fechados durante o dia, o que resultou numa diminuição drástica da transpiração durante esse período (absorvem e acumulam o gás carbônico - CO2 - durante a noite na forma de um composto orgânico de quatro carbonos quando os estômatos estão abertos, para que durante o dia, na presença do sol, haja a síntese de carboidratos, mesmo com os estômatos fechados); desenvolveram a capacidade de acumular água e nutrientes em estruturas chamadas de pseudobulbos; a utilização eficiente dos nutrientes, em pequenas quantidades que estão disponíveis quando há período de chuvas e/ou orvalhos à noite (solubilização para tornar os nutrientes assimiláveis).
3. POR QUE ADUBAR AS ORQUÍDEAS:
As orquídeas, quando cultivadas em ambiente artificial, mais cedo ou mais tarde precisarão receber todos os nutrientes essenciais através de uma adubação balanceada e em doses homeopáticas. No cultivo artificial, quando se usa um substrato que possua todos os nutrientes(ex.: fibra de xaxim) a adubação se fará necessariamente no segundo ano de cultivo, devido ao esgotamento dos nutrientes presentes no substrato (causados pela absorção e lixiviação). Porém, quando o substrato utilizado for de baixa ou de nenhuma fertilidade, a adubação será necessária desde o início do plantio, quando esta estiver enraizada, pois a única fonte externa de nutrientes será dada através da adubação artificial (quando cresce no seu habitat natural, a própria natureza fornece a alimentação necessária para o desenvolvimento da planta). Uma vez diluído o adubo químico(pó/líq.) ou o adubo orgânico (em forma de calda) na água, poderá ser utilizado tanto para regar os vasos, como utilizar nas pulverizações das orquídeas. Quando a adubação for através da rega dos vasos, a freqüência entre elas será mensal. No intervalo entre as adubações, será regada com água pura para retirar o excesso de sais que porventura tenha se acumulado. No caso das pulverizações, a freqüência será de uma semana, sendo que no intervalo será feita pulverizações com água pura, para que não haja o acúmulo de sais na parte aérea da planta. Independente do tipo de adubo químico(pó/líquido), devemos escolher aquele que possua todos os elementos químicos essenciais para um desenvolvimento saudável. Uma vez escolhido o adubo químico, a freqüência da adubação e a necessidade das doses homeopáticas, fica uma dúvida:
Qual é a quantidade ideal para que a concentração dos nutrientes na água seja "homeopática"?
A quantidade ideal gira em torno de 0,5 a 1,0 grama/litro de água ou de 0,5 a 1,0 ml/litro de água pura. Nessa quantidade, os nutrientes ficam tão diluídos (na ordem de parte por milhão - ppm) na água, que a sua concentração é muito inferior a concentração plasmática das células do tecido das orquidáceas. Nessas condições, possibilita que a planta selecione os nutrientes de que necessita, e evita-se que os sais entrem na planta por osmose, ou seja, de uma concentração elevada de sais na água das regas, a planta absorverá sem controle uma grande quantidade de sais e perderá água em contato com a solução concentrada.
4. SOBRE OS NUTRIENTES QUE AS ORQUÍDEAS NECESSITAM:
4.l. Nutrição vegetal:
As orquídeas, como seres vivos que são, para se desenvolverem e florescerem
adequadamente (em cultivo artificial ou no seu habitat) necessitam retirar do meio que as rodeiam as substâncias que são necessárias ao seu metabolismo.
. A alimentação das orquídeas dá-se por três meios distintos: Pelas raízes, absorvendo todos os elementos químicos (compostos orgânicos resultantes da decomposição da matéria orgânica e dos macro e micronutrientes dissolvidos na água das chuvas, das regas ou do orvalho).
• Através dos estôrnatos da superfície das folhas, e em especial da sua face inferior, que absorvem líquidos que podem conter elementos nutritivos.
• Por fim, assimilando pelos poros/estômatos de sua superfície o gás carbônico (CO2) presente na atmosfera. A absorção de alimentos pelas raízes só é possível se as plantas possuirem raízes desenvolvidas e saudáveis; por isso a adubação não faz efeito quando são recentemente transplantadas ou mal enraizadas. Podemos afirmar que a fibra de xaxim contém todos os elementos necessários para a perfeita e completa alimentação da planta, pelo menos durante o primeiro ano de plantio. Depois, sente-se um lento esgotamento do substrato em conseqüência principalmente da lavagem de substrato pelas regas excessivas e pelas chuvas prolongadas ou muito fortes. Depois, pela decomposição da matéria orgânica do substrato, a perda é substituída, porém, esta substituição tem um limite, e depois de um ano, estando a orquídea já bem enraizada e viçosa, começa a faltar-lhe o alimento. Orquídeas cultivadas em estufas ou em terraços, onde não recebem chuvas, não estão sujeitas a essa perda de nutrientes e por isso demonstram geralmente maior vigor. A partir do segundo ano, depois do transplante, é vantajoso aplicar-lhe adubos químico (fornece os macro e micronutrientes) e orgânico (fornece os compostos orgânicos) para suprir a sua falta. O adubo químico ideal, como foi dito, deve conter todos os elementos químicos balanceados, e deve ser aplicado diluído na água em quantidades homeopáticas, tanto para as regas (a cada 2/4 meses) ou em pulverizações (a cada uma/duas semanas). Quando se faz uma adubação correta, a planta se beneficia, porém, uma excessiva/freqüente adubação torna-se prejudicial. Portanto, a adubação química/orgânica correta é de fundamental importância para que as orquídeas cresçam saudáveis e vigorosas.
4.2.Os nutrientes que as orquídeas necessitam:
Para que haja um crescimento vigoroso e saudável, as orquídeas necessitam de um grupo de substâncias químicas denominado elementos essenciais e recebem habitualmente as designações de elementos nutritivos ou de nutrientes vegetais.
Mas o que são e quais são os nutrientes essenciais?
Segundo o critério proposto por Arnon e Stout, para ser considerado essencial, um elemento nutritivo deve satisfazer as seguintes condições:
a sua presença é indispensável para que a planta possa completar o seu ciclo vegetativo; desempenha na planta funções específicas e, por isso, não pode ser substituído por qualquer outro; está envolvido no metabolismo da planta, seja de modo direto (constituinte de substâncias vitais), seja indiretamente (catalisador, osmorregulador etc.).
De acordo com esse critério, os nutrientes essenciais seriam os seguintes elementos químicos:
Carbono(C); Oxigênio(O); Hidrogênio (H); Nitrogênio (N); Fósforo (P); Potássio (K); Cálcio (Ca); Magnésio (Mg); Enxofre (S); Ferro (Fe); Manganês (Mn); Zinco (Zn); Cobre (Cu); Boro (B); Molibdênio (Mo); Cloro (CI); Cobalto (Co); Silício (Si).
De todos esses elementos químicos, deve-se estabelecer uma diferença entre um grupo
formado pelo carbono, oxigênio e hidrogênio e os restantes. De fato, esses três elementos, embora absolutamente essenciais para as plantas (encontrados em maior quantidade na composição das plantas), são retirados do ar (CO2) e da água (H2O) e a sua utilização pela planta não sofre a influência do homem. Por isso, esses três elementos químicos não são incluídos no grupo dos nutrientes vegetais.
De acordo com o que foi discutido, os elementos vegetais podem ser agrupados em:
Macronutrientes (são absorvidos em maior quantidade pelas plantas e, ressalvando que
estejam em equilíbrio com os outros nutrientes e em concentrações adequadas, não são
fitotóxicos): N, P, K, Ca, Mg, S;
Micronutrientes (são absorvidos numa quantidade pequena; em excesso são fitotóxicos):
Fe, Mn, Zn, Cu, Mo, CI, B, Si, NI, Na, Co.
5. ADUBOS: CONCEITO, DESCRIÇÃO E TIPOS.
Para constituir um adubo/fertilizante, um material qualquer deve conter um ou mais nutrientes de plantas, em forma disponível ou que possa ser por elas absorvidos. Os nutrientes, isto é, os elementos químicos considerados essenciais ao crescimento, desenvolvimento e produção das plantas, até o presente momento são 17:
macronutrientes: (N), (P), (K), (Ca), (Mg), (S);
micronutrientes: (B), (CI), (Cu), (Fe), (Mn), (Mo), (Zn), (Na), (Si), (Ni), (Co).
Nos adubos comerciais, todos os nutrientes, com exceção do P e K, vêm expressos em % na sua forma elementar. A concentração do fósforo vêm na forma de pentóxido de fósforo (P2O5%) e o K na forma de óxido de potássio (K2O%).
Os adubos químicos encontrados no mercado possuem inúmeras formulações (ex: 30-10-10,
7-9-5, 10-5-5 etc.) e são vendidos na forma sólida (pó para diluir na água e granulado) ou na forma líquida (para ser diluída em água pura).
Na maioria dos casos, os adubos possuem os macronutrientes e eventualmente alguns
micronutrientes (nem todos). Quando se fizer uma adubação, o certo é escolher aquele que possui todos os elementos químicos (macro e micro) e que seja de fácil manuseio (facilidade de medir quantidades com precisão).
Quanto à facilidade de se medir o adubo, o melhor é o líquido, a ser diluído na água pura para ser pulverizado nas orquídeas ou regado no substrato (mede-se através de conta-gotas - l5-l6 gotas correspondem a 1 ml de adubo líquido). Quando o adubo for sólido, há um inconveniente tanto para o pó quanto para o granulado. No primeiro caso, é necessário usar uma balança de precisão para medir gramas e no segundo caso (granulado), o adubo, quando colocado no substrato, prejudica-o, criando zonas de alta concentração de sais nas proximidades dos grânulos.
6. AVALIAÇÃO DO ESTADO NUTRICIONAL
A falta ou o excesso de um determinado elemento provoca sempre a mesma manifestação
visível de anormalidade, qualquer que seja a espécie vegetal considerada, visto que as funções exercidas na vida da planta são sempre as mesmas: eis o princípio em que se baseia a diagnose visual como um método de avaliação do estado nutricional. Assim, a falta do elemento A deverá provocar sempre clorose nas folhas mais velhas; o excesso de B, por sua vez, causará sempre menor desenvolvimento do sistema radicular. A manifestação externa de uma carência ou excesso tóxico pode ser concebida como o último passo de uma seqüência de eventos, conforme segue:
Falta ou excesso ---- lesão molecular (inibição ou atividade enzimática excessiva, com a não formação ou acúmulo de metabólitos e consequentemente a não formação ou formação excessiva de compostos estruturais) ---- Alteração subcelular (parede, membrana, citoplasma, organela) ---- modificação celular ---- lesão no tecido ---- manifestação visível do sintoma. Como exemplo, podemos falar da carência de zinco:
O sintoma padrão ou denominador comum da carência de Zn é o encurtamento dos internódios e a razão disso é que o nutriente é necessário para a síntese do triptofano, que é o precursor do ácido indolil acético (AIA). Assim, os passos que levam a esse sintoma final é o seguinte: Lesão molecular (menor nível de auxina) ----- lesão submolecular (paredes menos plásticas)---- lesão celular (células menores) ---- lesão no tecido (conjunto de células menores, devido a inibição da enzima RNAse que leva a menor síntese de proteína e, portanto, menor divisão celular)---- manifestação visível (internódios curtos).
7. SINTOMAS DE FOME NAS PLANTAS
7.1. O que são sintomas de fome:
Observando a planta durante o seu desenvolvimento, tem-se às vezes um meio grosseiro, mas simples e prático para se determinar quais os elementos que estão faltando no substrato e, portanto, o que é necessário fornecer na adubação. É necessário porém, deixar bem claro o seguinte: na maioria dos casos há falta de nutrientes no substrato, só que a planta não manifesta os sinais de fome (manifestação visível na planta da deficiência nutricional).
7.2.Chave para identificar os sintomas de fome e/ou excesso:
(l) Plantas fracas; folhas de cor verde clara ou verde amarelada uniforme, inicialmente nas mais velhas; dormência de gemas laterais; folhas menores devido ao menor número de células; amarelamento e posterior queda das folhas traseiras.
Elemento deficiente: Nitrogênio (N)
(2) Plantas pouco desenvolvidas; folhas cor verde azulado; às vezes aparecem na planta tons vermelho-arroxeados; folhas amareladas, à princípio nas mais velhas, pouco brilhantes e eventualmente apresentando manchas pardas; gemas laterais dormentes; atraso no florescimento; número reduzido de flores.
Elemento deficiente: Fósforo (P)
(3) Clorose e depois necrose (cor de ferrugem ou marrom quase negro) das margens e pontas das folhas, inicialmente nas folhas mais velhas; deficiência de ferro induzida (obs.: excesso de K induz à deficiência de Mg).
Elemento deficiente: Potássio (K)
(4) Deformação nas folhas novas, resultado do crescimento não uniforme da folha e às vezes com um gancho na ponta (a ponta da folha deixa de crescer); raízes pouco desenvolvidas; manchas pardo-amarelas entre as nervuras que às vezes podem se unir e tomar a cor de ferrugem; morte das gemas em desenvolvimento; dormência das gemas laterais; manchas necróticas internervais; cessação do crescimento apical das raízes, podendo apresentar aparência gelatinosa.
Elemento deficiente: Cálcio (Ca)
(5) Clorose das folhas, geralmente começando e sendo mais severa nas mais velhas; clorose internerval (só as nervuras ficam verdes, enquanto que o espaço entre elas se torna amarelado, avermelhado ou pardacento); encurvamento das margens das folhas;
desfolhamento.
Elemento deficiente: Magnésio (Mg)
(6) As folhas mais novas apresentam clorose (cor verde clara) e eventualmente podem
apresentar uma coloração adicional (laranja, vermelho, roxo); necrose e desfolhamento; folhas pequenas; redução no florescimento; enrolamento das margens das folhas; internódios curtos.
(Obs.: excesso de S pode ocasionar clorose interval).
Elemento deficiente: Enxofre (S)
(7) Folhas pequenas com clorose internerval ou sem clorose, podendo apresentar
deformações; folhas mais grossas que o normal e quebradiças, com nervuras suberificadas (cortiça) e salientes, às vezes com tons vermelhos ou roxos; morte do meristema apical da gema em desenvolvimento; raízes com pontas engrossadas e depois necróticas e ramificadas; pode ocorrer ausência de florescimento (obs.: excesso de boro pode ocasionar a queima das margens das folhas, onde há acúmulo desse nutriente.
Elemento deficiente: Boro (Bo)
(8) Diminuição das folhas (primeiro sintoma); clorose, bronzeamento, necrose; raízes curtas e não ramificadas (obs.: excesso de cloro (Cl) causa a necrose das pontas e margens; amarelamento prematuro e queda das folhas.
(9) Folhas estreitas e quebradiças; folhas verde escuras inicialmente que tornam-se cloróticas nas pontas e margens. O excesso de cobre induz à deficiência de Fe; folhas com manchas aquosas, que tornam-se necróticas; morte precoce das folhas; diminuição no crescimento; cessação do crescimento radicular e radículas enegrecidas.
Elemento deficiente: Cobre (Cu)
(10) As folhas mais novas rnostram-se amareladas (clorose) e as nervuras apresentam-se com a cor verde escura o qual corresponde à distribuição do Fe no tecido. Obs.: o excesso de Fe causa manchas necróticas nas folhas).
Elemento deficiente: Ferro (Fe)
(11) As folhas mais novas mostram-se amareladas; as nervuras e uma estreita faixa de tecido ao longo delas permanecem verdes, ficando com aspecto de serem nervuras mais grossas; manchas pequenas e necróticas nas folhas; formas anormais das folhas. Obs.: excesso de Mn, a princípio, induz à deficiência de Fe.
Elemento deficiente: Manganês (Mn)
(l2) Clorose malhada geral, manchas amarelo-esverdeadas ou laranja brilhantes em folhas mais velhas e depois necrose (manchas relacionadas à distribuição do Mo); ausência de florescimento.
Elemento deficiente: Molibdênio (Mo)
(l3) Folhas novas pequenas, estreitas e alongadas; encurtamento dos
internódios; folhas com manchas amareladas e retorcidas. (Obs.: excesso de zinco induz à carência de Fe).
Elemento deficiente: Zinco (Zn)
(l4) Excesso do elemento químico causa uma diminuição no crescimento das raízes; raízes engrossadas e pouco ramificadas.
Elemento deficiente: Alumínio (Al)
8. FORMULAÇÕES DIFERENTES PARA CADA FASE DE DESENVOLVIMENTO
Para cada fase de desenvolvimento (repouso, vegetativo, reprodutivo) da orquídea, a planta irá exigir um determinado tipo de nutriente em maior proporção. Quando a planta for adulta e estiver na fase de repouso (em geral no final do outono
para o final do inverno) a adubação deverá ser bem espaçada, somente para repor os
nutrientes que são lixiviados pela água das regas (ex.: 7-9-5, 10-10-10).
Durante a fase vegetativa, quando a planta inicia o seu crescimento, a gema da orquídea que estava dormente, sai do seu estado letárgico e emite um broto o qual irá se desenvolver até formar o pseudobulbo (início da primavera até o final do verão). Nessa fase de intenso crescimento, o adubo ideal é o que contém alto teor de nitrogênio (30-10-10, 10-5-5), pois esse elemento químico é necessário para o desenvolvimento do tecido.
Nessa fase, o fósforo também será exigido em quantidade significativa para a translocação de nutrientes sintetizados nas folhas adultas para a gema em desenvolvimento. Por fim, na fase reprodutiva, quando o pseudobulbo estiver quase formado e com a espátula aparecendo (de onde originará as flores), a planta começará a exigir uma quantidade maior de fósforo para induzir um desenvolvimento vigoroso dos botões florais (7-9-5, 10-20-30), bem como induzir um bom enraizamento do(s) novo(s) pseudobulbo(s) como também dos antigos. Nessa fase, a planta exigirá uma maior quantidade de potássio, que têm uma função catalítica no metabolismo vegetal e é essencial para um bom florescimento.
9. COMO QUANTIFICAR O ADUBO A SER DILUÍDO NA ÁGUA:
Numa solução altamente diluída (dose homeopática), a penetração dos sais pela parede
celular se dará a custa da perda de energia (absorção ativa), isto é, a planta assimilará todos os nutrientes de que necessita e na quantidade que lhe convier. Essa absorção ativa, com gasto de energia, só será eficiente se na planta houver o elemento químico cálcio em quantidade adequada. Por outro lado, se na adubação a solução for muito concentrada (concentração citoplasmática inferior à concentração de sais na água da pulverização), a planta sofrerá uma desidratação e a concentração de sais atingirá níveis tóxicos, bem como não haverá um controle da entrada dos nutrientes (absorção passiva).
Para realizar uma adubação química correta, devemos saber que a concentração de sais
presente na água de diluição deverá ser inferior à concentração citoplasmática das células dos tecidos da planta. Porém, para facilitar a absorção dos nutrientes, o ideal seria que todos os elementos químicos estivessem já na proporção adequada.
Para sabermos qual será a quantidade aproximada a ser colocada na água das regas,
teremos que ter informações sobre a concentração dos nutrientes presentes nas plantas. Para termos alguns parâmetros, foi pesquisada na literatura a composição centesimal (Tienken, 1947) de uma orquídea (C. trianaei). Os dados apresentados, não correspondem aos de todas as orquidáceas e nem mesmo às plantas da mesma espécie, mas, servirá para elucidar o que foi proposto:
Análise centesimal:
Proteínas --------------------------- l6 ppm Cl (cloro) ------------------------ 14 ppm
P (fósforo) ----------------------- 103 ppm S (enxofre) ---------------------- 46 ppm
K (potássio) --------------------- 113 ppm Fe (ferro) -------------------------- 8 ppm
Ca (cálcio) ------------------------ l ppm Carboidratos ------------------- 246 ppm
Mg (magnésio) ------------------- 33 ppm Gordura ---------------------------- 1 ppm
Na (sódio) ------------------------- 41 ppm PH do extrato --------------------- 7,0
Observando a análise centesimal, verificamos que ao lado dos números há as letras “ppm”, que significa uma medida de concentração. As concentrações são expressas mais freqüentemente em "porcentagem" (%), isto é, através de indicação do número de partes constituintes existentes em 100 partes da substância. No entanto, quando se trata de constituintes que se encontram presentes em quantidades muito reduzidas, a fim de evitar o uso de um elevado número de decimais, é mais cômodo usar “partes por milhão”, abreviadamente indicadas por “ppm”, ou seja, o número de partes do constituinte existentes num milhão de partes da substância. As ppm equivalem a mg/1000 g ou, nas soluções aquosas diluídas, a mg/l. Para converter ppm
em %, divide-se por 10.000. Assim, uma concentração de 25 ppm corresponde a 0,0025%. Da % para ppm basta multiplicar por 10.000.
9.l.Cálculo da concentração em ppm do adubo diluído (líq./pó) em água pura:
De posse da concentração de nutrientes de uma orquidácea, basta calcularmos a quantidade (g/ml) do adubo a ser diluído na água pura para que ela seja inferior à concentração dos nutrientes da planta.
Para facilitar a discussão, a quantidade ideal, tanto para os adubos líquidos ou pó, gira entre 0,5 a 1,0 g/l ou 0,5 a l,0 ml/l. Nessa quantidade, a diluição em água pura proporcionará uma concentração inferior a concentração citoplasmática da planta.
A seguir, é feita a dedução da concentração de nutrientes de um adubo químico (líquido) quando se utiliza 1 ml do produto para 1000 ml de água pura:
Adubo 3-12-6
Nutriente Concentração (%) Concentração (ppm)
Nitrogênio (N) 3% 30.000
ppm
Fósforo (P2O5) 12% l20.000
pm
Potássio (K2O) 6% 60.000
ppm
Cálcio (Ca) 2%
20.000 ppm
Magnésio (Mg) 0,5000% 5.000 ppm
Boro (B) 0,0200% 200 ppm
Cloro (CI) 0,1000% l.000 ppm
Cobalto (Co) 0,0015% l5 ppm
Cobre (Cu) 0,0500% 500 ppm
Ferro (Fe) 0,1000% l.000 ppm
Manganês (Mn) 0,0500% 500 ppm
Moiibdênio (Mo) 0,0009% 9 ppm Zinco (Zn)
0,0500% 500 ppm Sódio (quelato-Na)
0,1000% l.000 ppm
Obs.: foi calculada a concentração em ppm, para todos os nutrientes do adubo
3-12-6 (ex.: 30.000 mgN / litro = 30.000 mgN / l.000 ml).
Quando retiramos l ml do adubo químico, a quantidade dos elementos químicos será o
equivalente a milésima parte, ou seja, 30 mgN / l20 mg P2O5 / 6OmgK2O / 20mgCa / 5mgMg / 0,2mgB / 1mgCl / 0,0l5mgCo / 0,5mgCu / 1mgFe / 0,500mgMn / 0,009mgMo / 0,500mgZn / lmgNa.
Quando diluimos o adubo líquido (l ml) em l litro de água pura (l.000 ml), concluimos que os valores encontrados correspondem a ppm na água (ex.: 30mgN/litro água = 30 ppm). De todos os nutrientes químicos, só dois estão na forma de óxidos e para converter em elementos químicos (P, K) basta fazer este cálculo: *Multiplicar P2O5 por 0,4364.
*Multiplicar K2O por 0,8302 Assim, a concentração em ppm dos elementos químicos correspondem aos seguintes valores encontrados em l m do adubo, o qual será diluído em l litro de água pura: (30ppmN) / (26,18525ppmP) / (24,90485ppmK) / (20ppmCa) / (5ppmMg) / (0,2ppmB) / (lppmCl) / (0,015ppmCO) / (0,5ppmCu) / (lppmFe) / (0,500ppmMn) / (0,0099ppmMo) / (0,500ppmZn) / (lppmNa).
10.COMPARANDO AS CONCENTRAÇÕES DA PLANTA COM A SOLUÇÃO PREPARADA:
Verificamos que alguns elementos químicos da solução nutritiva estão abaixo da concentração da planta (ideal) e algumas estão um pouco acima da concentração da planta. Como as plantas saudáveis têm a de realizar uma absorção ativa, os excessos de alguns nutrientes serão evitados. Apesar de alguns nutrientes estarem em excesso, a concentração total de sais na água das regas é inferior à concentração citoplasmática, a qual corresponde às doses homeopáticas que foram citadas no início do texto.
Para a espécie em questão, concluímos que o ideal seria utilizar uma quantidade menor que l ml de adubo. Para finalizar, a freqüência das adubações pode ser reduzida quando a diluição for mínima (diluições da ordem de centésimos de ml do adubo químico/litro de água), podendo ser utilizada em dias alternados. Obs.: no caso anterior, quando for utilizada uma quantidade de adubo em concentrações um pouco maiores, entre 0,5 - l,0 ml, a freqüência entre adubações deve ser semanal e nos intervalos deve ser usada água pura para retirar o excesso de sais que porventura possa acumular.
Juscelino Nobuo Shiraki
Engº Agrônomo – Abril/2000
Cattleya labiata Lindl. foto e cultivo: MRita Cabral
Um comentário:
bom dia!!!!!!!!adorei com certeza vai me ajudar muito a cuidar das minhas orquideas,parabéns
Postar um comentário