domingo, 14 de junho de 2009

Acupuntura em Orquídea


Por ocasião da Semana do Meio Ambiente na Universidade Federal do Ceará, marcada por cursos, palestras, exposições, tive o privilégio de conhecer e conversar com a Rosane Melo, Acupunturista e Psicóloga. Fiz-lhe um convite, escrever um artigo para este blog, por achar o assunto por demais interessante. Agradeço, desde já a Rosane pelo belo texto, que vai aqui publicado.

Acupuntura em Plantas: Uma experiência com Orquídea

A Acupuntura é um dos ramos de tratamento da Medicina Tradicional Chinesa, juntamente com a Fitoterapia, Moxabustão, Dietética chinesa, Ventosaterapia, exercícios de meditação como o tai-chi, tuiná. A existência da acupuntura, arte milenar, conforme Dulcetti (2001) remonta aos primórdios da civilização chinesa, sendo proveniente do conhecimento dos sábios da alta antiguidade da china, sendo o chinês um profundo conhecedor da natureza
A Acupuntura possui sua base filosófica no Taoísmo, onde o Tao, também chamado de energia primordial, concebe as energias fundamentais da criação do homem e do universo, onde tudo é energia, está em movimento e sofre mutação, sendo portanto: energia, movimento e mutação as formas de expressão do Tao, segundo o pensamento chinês.
Há quem acredite que a acupuntura originou-se de uma civilização anterior à nossa, a Atlântida, onde os fragmentos chegaram até nós como um ensinamento superior mais profundo. Os chineses possuíam um conhecimento das forças cósmicas e das energias humanas, maior que o das gerações que lhes sucederam. São feitas referências de uma tradição transmitida oralmente de mestre a discípulo, que foi condensado na China num livro tradicional, o Nei Jing. Clássico do Imperador Amarelo, dividido em duas partes: Su Wen (questões básicas) e Ling Shu (pivô espiritual). O livro pode ser uma conversa do Imperador Amarelo com um de seus Ministros ou uma conversa com ele mesmo.
Há ainda a lenda de que a origem da acupuntura se deu com a cura de um guerreiro que, ferido no calcanhar, percebeu que desaparecera suas dores reumáticas; o fato fez interessados no assunto descobrirem outros pontos de acupuntura.
Na tribo dos índios bororós acontece a prática da acupuntura em sua forma mais simples.
No Ocidente, quando do retorno de missionários jesuítas da China, na década de 1920 a 1930, a acupuntura ganhou o direito de ser aplicada em clínicas e hospitais. No entanto, o ingresso da acupuntura no Ocidente aconteceu quando George Soullié de Morant (1990) escreveu Acunpucture Chinoise, na França. Ele era sinólogo, diplomata e dominava a língua chinesa.
No Brasil, conforme Cordeiro (2001) o professor Frederico Spaeth trouxe a acupuntura para o Rio de Janeiro e São Paulo em 1950. Ele foi co-fundador da Associação Brasileira de Acupuntura, juntamente com o Dr. Evaldo Martins Leite, dentre outros.
Em termos tradicionais, a Acupuntura tem como premissa o paciente como uma entidade unificada com o cosmos, influenciando e sendo influenciado por ele; respeito pelo paciente que está energeticamente desequilibrado, onde o que precisa ser tratado é o doente, que é visto como um todo unificado, e não apenas a doença. Toda fonte de desequilíbrio pode ser diagnosticado através do exame do pulso. Doença, para a Acupuntura, é o resultado de um desequilíbrio energético entre as energias ying e yang, onde há excesso ou insuficiência entre essas duas energias.
O Tao é composto por duas energias opostas e complementares, onde o Ying representa o escuro, a mulher, a noite, os órgãos, o frio, a parte baixa do corpo, a raiz, vertente, a sombra da montanha, o quadrado, e o Yang representa energia, ação, razão, calor, dia, montanha ensolarada, atividade, impulso, vísceras, masculino, dia, sol, redondo. Nada é somente Ying ou Yang, no centro do Ying há o Yang e vice versa. Essas energias penetram no homem, são opostas e ao mesmo tempo complementares.
Estas duas energias, que são ao mesmo tempo opostas, são complementares, como homem e mulher, preto e branco, dia e noite, alto e baixo, e em tudo que existe no mundo há estas duas formas de energias que se contrapõem equilibradamente. Nada é totalmente Ying ou totalmente Yang. Quando o ying ou o yang estão em excesso ou em insuficiência, dizemos que há um desequilíbrio energético que precisa ser tratado, sendo a saúde promovida pelo reequilíbrio energético através da Acupuntura. Isto é possível porque há, em todo nosso corpo, pontos de energia que, ligados entre si, constituem os meridianos, onde, a energia pode ser reequilibrada ao ser colocada agulhas de acupuntura sob estes pontos.


O homem recebe energia proveniente do céu e da terra, situando-se no meio aos dois. As energias Ying e Yang estão em constante movimento, como resultado destes movimentos provêm cinco elementos que estão presentes na natureza: madeira, fogo, água, terra e metal. Para cada elemento, há uma estação e um órgão humano correspondente. Esse saber auxilia no reequilíbrio energético.
Com este pensamento, Dulcetti (2001) sugere que, a partir do conhecimento do movimento energético e do trajeto percorrido pelas energias dos meridianos, pode-se regular o organismo através da estimulação feita nestes mesmos pontos de meridianos. Este tratamento é aplicado aos seres humanos, aos animais e às plantas, tendo sido observados e comprovados consideráveis resultados ao longo dos anos.
Por trás de sua aparente estaticidade, as plantas possuem uma vida “secreta”, cheia de percepções e atividades, que vem sendo estudado por diferentes visionários de vários lugares ao longo dos tempos.
Em 1966, o Sr. Cheve Backster fixou eletrodos de um de seus detectores em uma folha de dracena e ao tentar queimar suas folhas para ver a reação, o aparelho detectou saltos violentos nos gráficos traçados pelo aparelho. Isto levou Backster a configurar o que algumas tradições chamam de “corpo sutil”, ou uma rede de canais por onde flui a “energia vital”, que é o objeto da prática da acupuntura.
Embora simples, as plantas são organismos altamente complexos e sensíveis. Toda planta é dotada de uma malha elétrica em equilíbrio, que perpassa por um caminho em suas partes, como demonstra a pesquisa do brasileiro Dr. Arlindo Tondim, mestre em eletrônica pela UNY em São Bernardo do Campo.
Assim como acontece com animais e seres humanos, os problemas de saúde nos vegetais ocorrem por um desequilíbrio energético proveniente de ações como: excesso de agrotóxico, adubação incorreta, perturbação climática, negligência em cuidados, queimadas, etc. A Acupuntura vegetal, então, auxilia no reequilíbrio das funções em excesso, enfraquecidas, ou perdidas pelos vegetais. O precursor desta técnica é o professor Dr. Evaldo Martins Leite, presidente da ABA (Associação Brasileira de Acupuntura), com sede em São Paulo, que vem formando acupunturistas tradicionais em todo o Brasil, inclusive em Fortaleza.
Os benefícios desta técnica podem chegar a aumentar a produção de flores e frutos, acelerar o crescimento, aumentar o número de sementes, fortificar o enraizamento e outros, basta que se utilize agulhas nos pontos que proporcionem um correto fluxo de energia, equilibrando sua função Ying e Yang. No entanto, convém verificar se estão sendo mantidas as boas condições de crescimento e saúde da planta para que a técnica não seja prejudicada e é preciso que a acupuntura vegetal seja utilizada dentro de uma postura ética, sem que venha a ferir os princípios do meio ambiente e a planta a ser tratada tenha seus limites de saúde e condições respeitados.
Em nossa experiência, atuamos com acupuntura em uma espécie de orquídea, planta que tem fascinado o homem há mais de dois mil e quinhentos anos. Nossa orquídea, uma cattleya labiata, em seis de junho apresentava cinco flores saudáveis e folhas verdes, quatro dias depois começou a apresentar a folhagem levemente amarelada. Convém ressaltar que a planta apresentava-se em condições ideais de crescimento: adubação, arejamento, vaso, clima,..., todas as condições para um perfeito crescimento.
Os distúrbios de saúde que afetam os vegetais podem ser os mesmos que afetam o homem e os animais. Assim como no homem e nos animais, as plantas, no caso, a cattleya, possui uma área onde está concentrada a energia ying e outra área onde está concentrada a energia yang, foi diagnosticado uma deficiência em sua energia yang. O desequilíbrio numa de suas energias originou a necessidade de realizar acupuntura. Foi realizada a acupuntura na cattleya com o objetivo de reequilibrar sua energia e promover melhor estado em suas folhas, no sentido de estimular a energia yang que apresentava-se deficiente. Uma semana após serem colocadas as agulhas, não só as folhas estavam novamente verdes como nasceu mais uma folha próximo destas. O processo de pigmentação das folhas deu-se de forma gradativa, diariamente era observado em três a quatro vezes ao dia. Neste período, apenas água em freqüência semanal foi adicionada à cattleya, nenhum tipo de adubo ou nenhum outro tipo de manipulação.
É sabido que os vegetais possuem uma rede energética vital muito desenvolvida, sendo alguns processos de seu crescimento de natureza ying e outros de natureza yang.
Mesmo após o resultado obtido, ainda deixamos as agulhas durante dezoito dias, somando-se um total de vinte e cinco dias ininterruptos de permanência de agulhas de acupuntura, as quais, ao final do período citado, foram retiradas.
Essa experiência ilustra o fantástico potencial de benefício da acupuntura aos vegetais e clama pela responsabilidade em proporcionar saúde e bem estar para nossas plantas.
Rosane Melo – Acupunturista e Psicóloga

Bibliografia
CORDEIRO, Ary T. ; CORDEIRO, Ruy Cesar. Acupuntura Elementos Básicos. Editora Polis. São Paulo, 2001
DULCETTI, Orley Junior. Pequeno Tratado de Acupuntura Tradicional Chinesa. Editora Andrei. São Paulo, 2001
SOULLIÉ DE MORANT, George. Acupuntura chunesa, tomo I. Editora Médica Panamericana S.A., Buenos Aires, 1990
TOMPKINS, Peter e BIRD, Christopher. A Vida Secreta das Plantas. Expressão e Cultura Editora. Rio de Janeiro, 1993
Fotos do site: www.paisagismobrasil.com.br

3 comentários:

Solange Menezes disse...

Este artigo oferece uma certa lógica, uma vez que já é provado que orquídeas brotam se furarmos seu rizoma com agulha. Também é sabido que orquídeas florem mais se passarem por estresse hídrico. Isso nos orienta para a "sensibilidade" da planta, o que pode perfeitamente ser tratada com acumpuntura.

Adenium - Rosa do Deserto disse...

Amiga Solange,
Agradeço seu comentário e é mais uma experiência a ser seguida, observando os preceitos da Acupuntura.
Abraços,

Vera Coelho

Essi Arantes disse...

Ying e Yang me fazem lembrar Tico e Teco. E os meus não querem acreditar no texto.