quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011

BREVIÁRIO DE ORQUIDÓFILO

Dr. Adolfo Souza Grota


Após alguns anos de lida com orquidáceas e de trato de orquidófilos,

tendo tido muitas alegrias e também muitas decepções, compuz este

breviário para meu uso pessoal.



1. Não devo ter mais orquidáceas do que as que posso tratar bem.


2. Devo tratá-las como entes vivos e procurar compreendê-las, o

que talvez constitua a meta mais importante da orquidiofilia.

3. Não devo mudar nada numa planta que está sempre progredindo

e melhorando: é uma planta satisfeita e qualquer mudança introduzida

poderá prejudicar seu ritmo.

4. Devo mexer o menos possível em minhas plantas, não as trocando

de lugar todo o momento. Devo lembrar-me que elas, a custo, criaram um

ambiente favorável e a ele se adaptaram, portanto não as devo perturbar.

5. Devo ter cuidado com as doses dos inseticidas, porque poderá
prejudicar minhas plantas.

6. O mesmo cuidado devo ter também com a adubação: não devo exigir

que minhas plantas atinjam um desenvolvimento excepcional, porque elas

se desenvolverão sempre dentro de certos limites.

7. Devo passar todo tempo que puder com minhas plantas, a fim de

conhecê-las melhor.

8. Devo estudar e observar minhas plantas e não seguir palpites na

cultura delas.

9. Devo fazer tudo direito para me tornar um bom orquidófilo e cultivador.

10. Devo tormar parte nas exposições mas não discutir julgamentos nem

prêmios, porque o prêmio máximo é a prova de cooperação que dou, levando

minhas plantas a elas.

11. Devo visitar os orquidófilos amigos procurando sempre levar-lhes uma

bonita orquídea ou uma muda de uma orquidácea, que lhes vão causar prazer.

12. Devo olhar as plantas dos amigos, mas não dar nenhuma opinião sobre elas,

a não ser que seja solicitado a fazê-lo. É próprio da vaidade humana julgar que o

que se tem é o melhor.

13. Devo dar minha opinião simplesmente, procurando termos que não firam a

sucetibilidade de ninguêm. Devo lembrar-me que a orquidofilia é um meio de

aproximação, de fazer amigos e não inimigos.

14. Nunca devo dizer que minha planta é melhor, embora, às vêzes, pense assim.

15. Devo, quando solicitado, dar os conselhos que me forem pedidos, bem claramente,

procurando com eles orientar o orquidófilo novato, não me esquecendo de que já

passei por este período.

16. Não devo fazer segredo de nada que sei, por que devo ter sempre presente que,

agindo de modo contrário, nada mais sou do que um egoísta.



Obs.: Este “Breviário” foi oferecido pelo orquidófilo Dr. Adolfo Souza Grota,

aos Associados da Sociedade Bandeirante de Orquídeas, no final de uma palestra, em 21 de outubro de 1969.

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