terça-feira, 10 de setembro de 2013

Ansellia africana Black Darkness

Ansellia africana ‘Black Darkness’

Ansellia africana, como o nome já diz, é uma orquídea nativa da África tropical. Ela habita regiões relativamente secas e ocorre principalmente na beira de rios, quase sempre como epífita, geralmente crescendo em troncos de palmeiras, mas também pode ser encontrada vegetando no solo. Quando bem estabelecida ela fica com os pseudobulbos enormes e forma grandes touceiras, grandes o suficiente para pesar mais de uma tonelada. Este exemplar da foto, por exemplo, ficou tão grande que não coube no meu “estúdio caseiro” e as fotos tiveram que ser feitas no jardim. Através de evolução convergente, ela ficou muito parecida com o nossoCyrtopodium e o seu cultivo muito ao dele se assemelha. Evolução convergente para quem não sabe é quando dois seres vivos (no nosso caso duas plantas) embora não sendo aparentados entre si, acabam ficando muito parecidos por terem evoluído em meio-ambientes similares. Isso pode nos confundir e fazer-nos acreditar que eles são parentes, quando na verdade eles vêm de diferentes origens. Existe muita variação individual entre a cor e a padronagem das flores da Ansellia, tanto que no passado foi designado para o gênero seis diferentes espécies. Através de mais estudos e coletas, percebeu-se que na verdade elas não eram espécies distintas, mas sim variedades dentro da mesma espécie ou apenas possuíam meras diferenças individuais. Não existe uniformidade na coloração das plantas de uma região a ponto de caracterizar uma nova forma. Com isso, o nome das diferentes ex-espécies tornou-se sinônimo de Ansellia africana e hoje Ansellia é um gênero monotípico. O sinônimo mais conhecido e que em algumas publicações atingiu o status de variedade é aAnsellia africana variedade nilotica, cujas flores têm fundo verde maçã e as pintas são menores que as que se vêem nas minhas fotos, pintas essas de um marrom claro. O labelo possui as laterais estriadas de marrom (foto 01).

Foto 01 – Ansellia africana var.  nilotica

Outra variedade conhecida é a “nigra” (foto 02), cujas flores são quase totalmente negras devido à aglutinação das pintas.

Foto 02 – Ansellia africana var. nigra

O labelo do clone ‘Black Darkness’ pode ser visto na foto 03. As suas laterais cor de vinho dão um charme especial à flor.

Foto 03 – Ansellia africana ‘Black Darkness’

As raízes aéreas, assim como no Cyrtopodium, funcionam como um captador de nutrientes e de oxigênio e não devem ser cortadas em uma operação de limpeza. A Ansellia africana é mais propícia a ser cultivada ao ar livre, de preferência em árvores. As suas árvores prediletas são aquelas palmeiras rústicas que deixam fixadas ao tronco as bases das folhas velhas, as cicatrizes da antiga vegetação. Ali ela se fixa com firmeza e forma uma grande bola de raízes aéreas que muitas vezes são usadas por aves como base para a construção de seus ninhos. Quando os pseudobulbos estão na fase de crescimento ela necessita de muita água e muito adubo, mas no período de descanso, quando os pseudobulbos estão maduros, as regas podem ser bastante diminuídas, assim como a adubação. Muita luz, muita aeração, e caso não a plantem em árvores, ela deve ter como contêiner um cachepot de madeira ou cesta, para que as suas raízes aéreas possam se expandir também pelas laterais. A Ansellia africana é muito tolerante às diversas temperaturas que aqui temos, mas prefere o calor e não suporta geadas. 

Carlos Keller
Orquidófilo e Paisagista do Rio de Janeiro.






Um comentário:

Carol disse...

Bom dia vera, gostaria de saber se vc vende orquídeas, se sim , onde fica seu orquidario?
Obrigada