Optei por mostrar aqui de preferência as novidades que aparecem no mercado, em detrimento dos meristemões clássicos já bastante conhecidos. Este híbrido é de certa forma uma novidade, principalmente aqui no Brasil. Eu disse "de certa forma", pois o híbrido não é novo. Este é um Eplc, que significa Epilaeliocattleya, um cruzamento onde entra Epidendrum, Laelia e Cattleya. O Epidendrum em questão, hoje não é mais Epidendrum e sim Euchile, a lindíssima orquídea do noroeste mexicano Euchile mariae, flor média para pequena, com pétalas e sépalas verdes e um magnífico labelo branco. O híbrido foi registrado pelo orquidófilo norte americano Frederick Thornton em 1967 e é um cruzamento entre Euchile mariae e Lc. Ann Follis. A Lc. Ann Follis é uma orquídea de flor média, que dá em cachos multiflorais, tendo os segmentos estrelados na cor pêssego, com o labelo roxo avermelhado. O resultado foi um híbrido com flores estreladas de tamanho médio, muito parecidas com as da Lc. Ann Follis, só que na cor verde com o labelo magenta. Muitos clones deste híbrido foram premiados pela AOS no decorrer dos anos, mas todos eles sempre possuindo os segmentos estrelados e completamente verdes. A novidade deste clone 'Ching Hua Splash', o qual recentemente recebeu um AM da AOS, está justamente no "splash" que existe nas pétalas, que é esse flameado em forma de mancha grande esparramada, da cor do labelo. As pétalas desse clone também são mais largas e mais claras do que as dos demais clones, os quais não possuem o splash. No clone 'Ching Hua Splash' a cor de fundo das pétalas é branco creme ligeiramente esverdeado no centro, enquanto que nos clones convencionais as pétalas são inteiramente verde maçã. Está claro que a flor do clone 'Ching Hua Splash' é pelórica, o que explica o flameado, mas aí eu pergunto: de onde veio essa peloria? Temos na genealogia deste híbrido 50% de Euchile mariae, 25% de Cattleya granulosa e o restante são espécies cuja contribuição é de baixa proporção. São elas: Laelia xanthina, Laelia purpurata, Cattleya warscewiczii, Cattleya mossiae e Cattleya dowiana. Nenhuma das espécies acima citada é matriz de filhos pelóricos. Não temos aqui a Cattleya Moscombe, ou até mesmo a Cattleya intermedia, por exemplo. De onde poderia ter vindo essa peloria? O Ching Hua Orchids, de Taiwan, produtor do híbrido, nada fala sobre isso no seu site. Não achei nenhuma referência sobre o assunto na internet ou em livros que tratam de híbridos. O que posso fazer é especular e especulando chego à Laelia purpurata, pois existem exemplares de cruzamentos mais recentes, cujas pétalas são fortemente flameadas, descendência da Laelia purpurata estriata 'Milionária' e outras. Será que essas purpuratas naturais com pétalas largas e flameadas teriam alguma forma rudimentar de peloria? Já existem hoje clones de Laelia purpurata pelórica, ou trilabelo. Será que a Laelia purpurata, com apenas 7.81% de comparecimento na genealogia do híbrido teria forças para tanto? Fica aqui o mistério ainda sem resposta... Este híbrido possui a parte vegetativa robusta, de tamanho médio, com pseudobulbos alongados e bifoliados, cujas folhas são estreitas e pontudas, possuindo um verde lustroso e belo. A flor é de tamanho médio para um híbrido (11 cm de diâmetro), com substância muito pesada, textura cerosa e ao mesmo tempo acetinada. O labelo é aveludado. A haste floral da Eplc. Mãe Bly geralmente comporta muitas flores, mas no clone 'Ching Hua Splash' isso é raro de ocorrer, chegando a uma média de 4 flores por haste, uma suspeita de que seja tetraplóide. Uma coisa que chama a atenção é o forte perfume de limão doce. Este híbrido floresce de duas a três vezes ao ano. O cultivo básico é muita luz, substrato bem drenado e alta umidade ambiente. A planta é resistente ao frio, mas tolera bem o calor.
Carlos Keller
Rio de Janeiro, RJ
carlosgkeller@terra.com.br
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